quinta-feira, 24 de março de 2011

Viver o Presente

Viver o presente... Viver o hoje, o agora... O que era para ser simples acabamos fazendo uma grande confusão! Por que parece ser tão difícil viver o presente? Estamos ou no passado ou no futuro! Não é uma tarefa fácil encontrar quem viva o presente. E são muitas as formas que criamos para fugir dele.
Muitos passam boa parte dos seus dias numa grande sessão nostalgia com pensamentos do tipo “eu era feliz quando tinha tantos anos” ou ressalta o valor do passado ou da situação em que se encontrava em detrimento do que vive hoje: eu era feliz quando era criança, ou antes de me casar, etc. E enquanto a pessoa ‘viaja’ no tempo, buscando – e às vezes até fantasiando – o passado, as coisas boas do agora passam despercebidas...
Existem aqueles que se dedicam a lembrar com freqüência de seus sofrimentos passados e do quanto a vida tem sido dura ou ruim para eles “minha vida é cheia de sofrimentos e coisas horríveis”, dizem. E enquanto isso as coisas boas do agora continuam passando...
Outras, ao contrário, se debruçam nos pensamentos com relação ao futuro. “Eu serei feliz quando conseguir tal coisa”. Quando for maior de idade, quando me casar, quando eu tiver filhos, quando eu ganhar não sei quanto, quando eu tiver casa própria… Geralmente essas pessoas não são felizes porque quando conseguem  alcançar o seu objetivo sempre há outra coisa melhor ou percebem que aquilo que tanto desejavam não era conforme os seus sonhos – o que gera frustração – e nos dois casos não aproveitam os seus sucessos conquistados.
Há ainda os que se escravizam com o “e se…?” ‘e se eu fico doente?’, ‘e se eu perder o emprego ?’, ‘e se ele (a) se cansar de mim…?’, ‘E se…?’, ‘E se…?’ E, dessa forma, temendo o futuro, deixam de viver as coisas boas que existem no presente.
Tudo isso, geralmente, acontece devido a uma necessidade de ter as coisas sob controle tentando evitar o sofrimento. Contudo, não se pode controlar, como muitas vezes desejamos, o curso dos acontecimentos! Então o que fazer? O que podemos fazer todos os dias é escolher participar de forma ativa ou passiva de nossas vidas. Não precisamos nos aprisionar em nossos próprios pensamentos passados ou desejos futuros! Se você quiser, pode optar por olhar o mundo em que vive e para a sua própria vida prestando atenção naquilo que há de agradável ao invés de se fixar apenas no que é cinzento ou penoso. Ou seja, viver bem o presente e, consequentemente, termos boas lembranças e um bom futuro depende muito da forma como percebemos os acontecimentos do momento e como agimos diante deles. Quando entramos de verdade no momento presente, enfrentando os desafios e acreditando que as atuais circunstâncias em que nos encontramos são exatamente as necessárias para nós, toda a vida pode tornar-se extraordinária e ser celebrada em cada novo dia que começa - mesmo que ela tenha muitas situações que não gostamos ou que nos fazem sofrer.
Dentro dessa percepção sobre o presente, dificilmente ficaremos presos ao passado nem àquilo que já fomos. Podemos questionar, examinar, mudar de idéia, descobrir novas realidades, empenharmo-nos e recomeçarmos continuamente. Em tudo isso existem dificuldades e obstáculos? Sim, claro que sim! A vida é cheia deles! E nunca ficaremos sem esses professores e suas duras lições. Mas mesmo assim, é exatamente vivendo o presente da forma como ele realmente é, que poderemos encontrar a felicidade. A felicidade aparece em nossas vidas nos pequenos momentos e gestos e não nas grandes coisas como muitos pensam ou sonham. Ao invés de passarmos a vida preocupando-nos com o que os outros acham de nós, se nos aprovam ou desaprovam ou preocupados em corresponder-lhes as expectativas, podemos ouvi-los e compreendê-los. E ver que, tal como nós, todos tem limitações. Mas tem também suas qualidades e percepções sobre as situações que nem sempre são as nossas.
Vivermos no presente, é o aqui e o agora! Sobre o passado só podemos recordá-lo e aprender com ele, e do futuro só podemos fazer planos, embora não exista nenhuma garantia de que se realizarão.
É muito importante termos esta consciência para que possamos nos libertar de tanta carga emocional negativa que nos mantem presos em qualquer outro momento. E o que é mais interessante em tudo isso é que quando vivemos melhor o nosso presente - buscando o que ele tem de melhor e aprendendo com o que nos faz sofrer - começamos a perceber que não precisamos ter o controle de tudo, pois em qualquer situação em que nos encontrarmos poderemos vivê-la bem e sem medo.

domingo, 13 de março de 2011

Estou triste. Acho que é depressão...

   Sabe quando bate aquela tristeza e parece que tudo fica triste e sem sentido?  Depois vem uma dificuldade de levantar da cama e executar tarefas corriqueiras. O desânimo é tamanho que até a fala fica estranha, meio arrastada, os pensamentos ficam pessimistas o que só intensifica a tristeza e uma auto-piedade que chega dói. Ruim, não é?! Pois é, hoje em dia é difícil encontrar quem nunca passou por uma situação semelhante. Porém, essa descrição ainda não é a de uma depressão enquanto transtorno psicopatológico! E nem sempre quando vivenciamos situações como essa entramos no chamado transtorno depressivo. Mas por que algumas pessoas entram em depressão e outras não?
Como tudo no ser humano, também a nossa mente e a forma como percebemos as coisas que nos acontecem são complexas, multifatorias e variam, consequentemente, de pessoa para pessoa. É por isso que tantas vezes vemos filhos de mesmos pai e mãe serem tão diferentes na sua forma de ser, pensar e agir. Mesmo assim, pessoas que têm familiares que sofrem ou sofreram de depressão têm uma probabilidade maior de também adoecerem – depressão é uma doença e como tal deve ser tratada. Isso acontece não só pelo caráter hereditário, mas, sobretudo, porque aprendemos a nos comportar e pensar baseados, particularmente, no que vivenciamos no âmbito familiar.
Então quer dizer que estamos a mercê de fatores externos? Não. É bem verdade que eles nos influenciam, mas podemos aprender a perceber, pensar e agir de maneiras mais adaptativas e saudáveis. Por isso, se você se percebe nessa situação ou que essa tristeza volta e meia lhe acontece aqui vão algumas dicas muito simples que podem ajudar não apenas a sair da tristeza, mas, o que acho mais importante, a perceber a você mesmo, aos outros e a sua vida de uma maneira mais tranqüila e saudável. Quero deixar claro que essas dicas não tratam a depressão. Elas apenas podem ajudá-lo a encontrar um pouco mais de ânimo e alegria dentro de si e da sua vida.
1.      Sol é um excelente remédio do tipo ‘espanta tristeza’ natural. Por isso, banhos de sol – sobretudo aquele da manhã – é muito bom.
2.      Fazer exercícios aeróbicos que você goste (de preferência) como caminhada, corrida, natação, futebol, vôlei, basquete...
3.      Caminhar descalço na areia da praia ou na grama é muito bom. Contato direto com a natureza faz um bem danado. Sentir a terra com os pés durante o seu ‘banho de sol’ da manhã então..... maravilha!
4.      Fazer o que gosta. O que você gosta de fazer? Ver filme (sugiro comédia. Por favor, não veja um drama ou documentário triste se você está também triste. Isso costuma piorar o nosso humor.), ler um bom livro, ouvir música (nada de música triste!), fazer uma hortinha em casa, arrumar o jardim já há tanto tempo esquecido, brincar com o cachorro (aliás um bichinho de estimação em casa é muito bom para espantar a tristeza), fazer trabalhos manuais, etc. Veja o que você gosta de fazer e FAÇA! Se ocupe com o que lhe é agradável, foque seu pensamento em coisas agradáveis e você perceberá que seu dia será mais gostoso de ser vivido e ficará mais fácil para lidar com os problemas, pois sua cabeça está mais leve e tranqüila.
5.      Não se deixe levar pelos pensamentos ruins! Eles geralmente são falsos, sabia? Então procure olhar a realidade de forma mais objetiva – sem os exageros do medo, da lamúria e auto-piedade – e brigue com os pensamentos negativos! Confronte-os de forma objetiva, sincera e real. Isso não é para se enganar com mentiras. Muito pelo contrário! Toda a argumentação contra os pensamentos negativos deve ser pautada na realidade. Essa é uma briga que a princípio é quase constante, mas depois ela vai ficando mais espaçada e fácil de ser feita. Quem não tem hábito de fazer isso pode encontrar dificuldades. Sendo assim, nesse item, a ajuda de um psicoterapeuta é muito bem vinda.
6.      Procure pensar coisas boas das pessoas e de você mesmo, ou seja, não julgue ninguém. Ter pensamentos ruins não faz bem a ninguém (nem para quem é alvo do pensamento nem para quem tem o pensamento). Mesmo que o outro esteja agindo mal, será que realmente vai adiantar alguma coisa pensar coisas ruins a respeito dele ou falar coisas ruins? O que você está ganhando com isso? Será que essa atitude não faz apenas você sentir uma revolta e amargor no seu coração e porque não dizer na alma? Ao contrário, pensar bem do outro, ou seja, não julgar faz com que tenhamos mais tranqüilidade de espírito, mais paz e amor dentro de nós e nas nossas relações. Experimente! E comprove o bem que isso faz aos outros e, sobretudo a você (só a tristeza é que não gosta).
Mas se mesmo assim você continua triste é importante ver se existe algo em você que está realmente difícil de lidar. E ISSO NÃO É NENHUMA VERGONHA! Saber reconhecer as nossas limitações é sábio e mais do que isso é um ato de muita coragem!!! Sempre ouvimos dizer que precisamos ser fortes e ‘dar conta’ de tudo. Mas ‘dar conta’, muitas vezes é dizer: “preciso de ajuda”! Porque ‘dar conta’ de algo não é necessariamente sozinho! Muitas vezes ‘damos conta’ das coisas com a ajuda das pessoas (quer sejam familiares, amigos ou profissionais).
Também é comum escutarmos da pessoa deprimida a verbalização "parece que estou de ‘frescura’", porque não vê motivos para estar dessa forma. Tem uma vida boa, mas não consegue achar alegria em nada! Se você está assim, então, sugiro que o quanto antes procure um psicólogo. O que tenho visto é que o quanto mais rápido se busca ajuda o tratamento dura menos tempo, é mais eficaz, e, o melhor de tudo, sofre-se menos!